Podia sentir as bicadas de um abutre em sua pele, achou estar morto, mais seria fácil de mais, não a vida ainda lhe pulsava quente nas veias, lenta mais ainda sim suficiente para que ele estivesse ciente da fome que sentia.
Que podia ele fazer? Não queria abandonar o corpo de sua mãe ainda que em pele e osso e já fria, jazendo na terra sem direito a que reclamar.
A ele bastava esperar o avião que lhe traria suprimentos, mas ele viria? Ou algum motivo político-económico o impediria de saciar a fome daqueles que precisam. A incerteza desse fato já sentenciara a morte de muitos.
Podia contar suas costelas, passando a mão por seu corpo podia ter um aula de anatomia, havia apenas uma fina camada de pele que o diferenciava dos esqueletos que via largados pelo deserto, sentia-se morto, mas queria viver, queria traçar uma vida diferente mais não via saída.
Sentiu uma mão grande e quente o levantar da terra, como se flutuasse, sentiu que suas esperanças tinham se acabado, achou que a morte por fim o carregava.
Quando abriu os olhos uma luz forte o cegou e uma voz terna e suave lhe disse: Fique calmo, sua vida daqui pra frente será diferente! Se alegrou por um segundo pensando estar no céu, quando o peso da realidade lhe caiu, tinha tubos enfiados por todo o corpo, a única coisa que conseguiu perguntar foi: -Mais e os outros, viveram a mercê da vontade dos grandes até quando? Sua pergunta deixou a mulher sem graça ela não soube responder, aquela criança tocara o grande ego social!
Nenhum comentário:
Postar um comentário